Sem álcool, mas com graça

Conteúdo produzido por Adriana Pino exclusivamente para o blog do BCB São Paulo.

Sim, eu também já fui aquela pessoa que virava o olho quando recebia um pedido de drink sem álcool, já cheguei a pensar porque essa pessoa vem pro bar se ela não vai beber?

O fato é que este é um movimento que vem crescendo e os pedidos são muito claros: - Eu quero um drink sem álcool que não seja suco!

Drinks sem álcool ou “mocktails”, são tendência, e se deve ao fato de muitas pessoas adotarem um estilo de vida mais leve e um relacionamento mais saudável com o álcool, além da lei seca que fortalece a campanha “se beber não dirija”, também você pode estar numa dieta de restrição alcóolica ou ser religioso, enfim... os motivos são diversos, acredito que a pandemia também nos fez refletir muito sobre nossa saúde!

A própria indústria nos mostra o caminho, com novas categorias de bebidas com teores alcóolicos menores e destilados sem álcool que devem chegar em breve em nosso país. Já temos cervejas 0% e centenas de mixers saborizados que fortalecem essa tendência.

No início da minha carreira eu achava que a coquetelaria existia pra disfarçar ou amenizar o sabor do álcool (já que trabalhava com muita bebida barata e de má qualidade), com o tempo eu aprendi a valorizar e realçar os sabores das bases alcóolicas, através da temperatura, da diluição e das misturas com outros ingredientes, trazendo equilíbrio e sabor. Com tanto estudo envolto ao mundo etílico, preparar um drink sem álcool parecia “sem graça”.

Em 2001 o renomado chef francês Alain Passard abalou o mundo da gastronomia transformando seu restaurante Arpège em vegetariano, o mais curioso é que ele manteve as estrelas michelin que muitos duvidavam que ele ganharia, esse genial chef conseguiu transformar ingredientes “coadjuvantes” em estrelas, e é essa reflexão que eu trago pra coquetelaria sem álcool, já que falamos tanto em agregar valor para os ingredientes nacionais, porque não os tornamos estrelas dos nossos drinks?

Assim como os chefs vem atualizando os menus com opções vegetarianas ou veganas, é tendência os bares começarem a oferecer opções mais leves, com menos ou sem álcool, utilizando técnicas modernas como sous vide, desidratação, clarificação, carbonatação ou outras, fortalecendo ainda mais o sentido do cuidado com o ingrediente e com quem o consome.

Todo esse carinho e cuidado nos aproxima de outro patamar da nossa profissão, que é a hospitalidade. Não importa o que o cliente quer consumir, a hospitalidade nos ensina a cuidar. E o cuidado deve começar com os ingredientes, mas isso daria um ótimo assunto para um novo artigo... então até lá!

 E lembre-se #bebacomresponsabilidade

 

Conteúdo produzido por Adriana Pino exclusivamente para o blog do BCB São Paulo.