Conteúdo produzido por Isadora Fornari exclusivamente para o blog do BCB São Paulo.

Há alguns anos vemos uma tímida movimentação de inclusão do que nunca foi olhado com respeito e valor no bar e em outros universos: mulheres e cachaça!

Segundo "dados do IBGE analisados pela Abrasel mostram que as mulheres são 54% da força de trabalho formal no setor de alimentação fora do lar. Entre os informais a presença chega a 56%. São mais de 1,6 milhão de trabalhadoras no setor.

Pesquisa realizada pela Abrasel com mais de 1.400 respondentes de todo o país reflete bem como o tema da diversidade vem ganhando espaço entre as empresas de alimentação fora do lar: 41% das empresas do setor dizem já ter implantado paridade de gênero nas equipes e na gerência e outros 30% pretendem implantar em breve." *

Como podemos notar a cachaça e bebidas brasileiras vem ganhando muita força perante o mundo todo. No Spirit Selection o destilado exclusivamente brasileiro está no top 5 de premiações perante a bebidas produzidas no mundo todo como gin e destilado como baijiu, produzido e consumido no país mais populoso do mundo.

Pouca gente sabe, mas eu vim para o serviço porque queria transformar. A cachaça sempre foi meu veículo para exemplificar o Brasil. Eu caminhei para me especializar também sobre outros destilados, mas a caninha foi o portal, em busca de me aprofundar sobre nossa bebida. Ela sempre foi e sempre será minha favorita.

Desde meus primeiros meses no serviço aprendi que a maneira mais fácil de ensinar é através dos sentidos. E impactar foi fácil. Diferente de um bourbon, de um gin, de um rum, a bebida nacional representa o Brasil em sua diversidade e o brasileiro em sua negação.

Foi mostrando que não existe uma caninha igual a outra e que, sim, existirá uma que atenderá ao perfil sensorial do cliente e que irá cativar ele. Mesmo ela pura.

Em drinks temos a oportunidade de unir as características sensoriais dela aliando um universo de ingredientes e ofertando uma proposta ainda mais acessível e, por que não, sedutora?

Sabemos da desvantagem que enfrentamos. Seja no bar e serviço, significamos nada. Sabemos que esse mundo que vivemos é praticamente um nano universo de desafios e, no meu caso, prazer em conquistar: pra começar, atenção e depois, paladares, olfatos ou conexões.

Através de destilados brasileiros as mulheres estão inovando e ganhando visibilidade e algum protagonismo nos bares. E não é à toa. Todas nós temos que enfrentar caminhos mais, diria, no mínimo, extensos, opressores e longos. E para essa conquista, temos que nos provar, e nos destacar de alguma forma.

Convenhamos é muito fácil ser aplaudido quando se é homem e misturar vodka, gin ou bourbon com maracujá e gengibre, né?

Sendo jurada de concursos de destilados internacionais, vejo a cachaça, tiquira e gins brasileiros brilhando em premiações. Um exemplo é o primeiro concurso de destilados, o Spirit Selection by Concours Mondial de Bruxelles, onde o Brasil vem sendo premiado cada ano mais com os produtos. Está todo mundo vendo nossa qualidade. - Aliás, produtores, estão abertas inscrições e uma premiação dessas pesa muito!

Mostrar ser bom é complexo quando ninguém te olha. A gente nem começou a exigir ser observado pelo mundo. Tanto os destilados, como as mulheres!

O desafio em misturar destilados mais complexos é um dos caminhos que tenho visto brilhar entre as mulheres. Drinks com profundidade e também conceito e provações incessantes. Isso chama ajuda a conquistar o olhar das pessoas e faz a criadora receber luz sobre seu trabalho.

Eu quero é ver mulheres e bebidas nacionais crescerem e serem aplicadas da forma, respeito e responsabilidade que merecem! A sensibilidade é fundamental para isso!

Parabéns, meninas! Sinto que protagonizamos uma nova era! É uma honra para mim viver esse momento com vocês! Mas tem muito ainda por fazer. Bora trabalhar porque estamos fazendo isso muito bem!

*Fonte Abrasel

Conteúdo produzido por Gui Cotosck exclusivamente para o blog do BCB São Paulo.